XII Conlab Congresso Luso-Afro-Brasileiro

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MR10 - Perspectivas psicossociais sobre o luso-tropicalismo: estudos no Brasil e em Portugal

Resumo MR10: Apesar da pressão das normas sociais adversas às manifestações do preconceito e da discriminação, temos assistido nas sociedades contemporâneas à expansão do preconceito, da discriminação e do racismo, quer através do recrudescimento das suas formas tradicionais, quer através de novas formas de expressão e legitimação. No caso das sociedades lusófonas, o estudo das repercussões contemporâneas do luso-tropicalismo na expressão desses fenómenos constitui um desafio para as ciências sociais. Esta problemática é especialmente relevante para as pesquisas que estudam o luso-tropicalismo enquanto representação social e o seu papel nas relações entre maiorias e minorias, nas atitudes e políticas anti-discriminatórias e de coesão social num quadro de diversidade cultural.

Certificado

Coordenador:
Jorge Vala
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
jorge.vala@ics.ulisboa.pt

Participantes:

Marcus Oliveira Lima
Universidade Federal de Sergipe
meolima@uol.com.br

Título da comunicação: A despersonalização e a desumanização dos negros no Brasil

Resumo: Analisamos um fenômeno pouco estudado na psicologia, mas de enorme impacto social, a despersonalização dos negros. O pressuposto teórico é o de que existem graus de personalização, sendo alguns indivíduos percebidos mais como pessoas, dotados de uma dimensão psicológica, que outros. Consideramos a existência de dois tipos de despersonalização: uma geral e uma específica. A despersonalização geral se aproxima das noções clássicas de desumanização. A específica consiste em perceber o outro como amorfo, sem interesse e sem idiossincrasias. Apresentaremos evidências empíricas sobre as relações da despersonalização com o racismo no Brasil no quadro de relações racializadas ainda marcadas pelo luso-tropicalismo.


Cicero Roberto Pereira (Clarissa Barros, Universidade Federal da Paraíba; Ana Raquel Rosas Torres, Universidade Federal da Paraíba; Joaquim Pires Valentim, Universidade de Coimbra)
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
cicero.pereira@ics.ulisboa.pt

Título da comunicação: O Papel do Preconceito e do Lusotropicalismo nas Atitudes face à Imigração Qualificada

Resumo: Este estudo analisa o papel do preconceito e da adesão à ideologia do lusotropicalismo  nas atitudes face à imigração qualificada em Portugal, especificamente a aposição à contratação de médicos estrangeiros pelo Sistema Nacional de Saúde. A nossa hipótese é a de que a essa oposição varia consoante a origem nacional do médico (cubana, brasileira ou ucraniana) e que esta oposição é motivada pelo preconceito e pelo lusotropicalismo. Para testar estas hipóteses, realizámos um estudo experimental com 175 estudantes universitários distribuídos aleatoriamente por três condições experimentais, representando os três grupos-alvo (médicos com diferentes nacionalidades). Como previmos, os resultados indicaram que a influência da origem nacional dos imigrantes na oposição à sua contratação ocorre somente nos participantes mais preconceituosos. Este efeito foi moderado pelo lusotropicalismo, motivando os participantes a agirem de forma seletiva na oposição aos médicos consoante a sua origem. Enquanto nos participantes com menor adesão ao lusotropicalismo o preconceito não motivou esta selectividade, nos mais lusotropicalistas o preconceito implicou maior oposição aos médicos cubanos e ucranianos, mas não aos médicos brasileiros. Em conclusão, a síntese dos resultados mostra que a oposição aos médicos imigrantes é motivada pelo preconceito e que esta motivação é moderada pelo lusotropicalismo.


Joaquim Pires Valentim
Universidade de Coimbra
jpvalentim@fpce.uc.pt

Título da comunicação: O luso-tropicalismo como representação social: variações e ancoragens

Resumo: Nesta comunicação defende-se a pertinência do estudo do luso-tropicalismo enquanto representação social, em particular, através da articulação com estudos sobre memória colectiva, diversidade cultural e preconceito. Apresentam-se as características da disseminação do luso-tropicalismo na sociedade portuguesa, que favorecem a sua abordagem enquanto “estudo de caso” nas pesquisas sobre representações sociais. De seguida, apresentam-se os resultados de um estudo empírico com estudantes universitários centrando-se: 1) na permanência das ideias luso-tropicalistas na sociedade portuguesa contemporânea, 2) nas diferentes posições a esse respeito e 3) nas suas imbricações no nacionalismo, nas atitudes dos portugueses para com africanos e brasileiros, bem como nas atitudes face à diversidade cultural.


Ana Raquel Torres (Karla Santos Mateus & Leoncio Camino)
Universidade Federal da Paraíba
arr.torres@gmail.com

Título da comunicação: O luso-tropicalismo como justificação para a descriminação
 
Resumo: O objetivo deste trabalho foi o de investigar o papel do luso-tropicalismo como justificação da discriminação racial. O instrumento utilizado era relativo a situação de discriminação racial. Na situação experimental, apresentava-se uma justificativa para a discriminação e na situação controle não havia esta justificação. Tomados em conjunto, os resultados indicam que os participantes com alta adesão ao luso-tropicalismo e que eram de classes sociais mais elevadas tendem a perceber a situação experimental como mais justa, justificando que, como no Brasil existe uma “democracia racial”, a discriminação relatada não era produto do racismo, mas de outros fatores sociais.

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Última actualização 2017-01-27