MR14 - You can put your arms around a memory: ciências sociais, arquivos, culturas (musicais) urbanas
Resumo MR14: Num contexto marcado pela pluralidade, volatilidade e relativa efemeridade de artefatos, objetos e manifestações (discos, fanzines, cassetes, fotografias, memorabilia) da cultura popular urbana, é importante equacionar como se pode constituir um arquivo capaz de marcar, do ponto de vista simbólico e material, representações da memória colectiva, em particular juvenil, musical e underground. Esta discussão é tanto mais relevante quanto ainda continuam a encarar-se essas manifestações como ilegítimas quando comparadas com outras situadas na chamada cultura legítima(da). Considerando que o investimento em arquivos dos fragmentos da cultura popular é praticamente inexistente e que a preservação da memória colectiva de eventos globais e singulares é um processo de decisiva importância no presente, pretendemos apresentar e discutir contributos para a operacionalização e leitura de memórias das culturas juvenis urbanas e manifestações musicais a elas associadas (Cfr. http://arquivo.punk.pt/).
Coordenadora:
Paula Guerra
Faculdade de Letras, Instituto de Sociologia, Universidade do Porto, Griffith Centre for Cultural Research, Portugal
paula.kismif@gmail.com
Participantes:
Edwar Castelo Branco
Universidade Federal do Piauí, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Brasil
edwar2005@uol.com.br
Título da comunicação: A liberdade gazeteira das práticas zineiras: os fanzines e suas artes de fazer
Resumo: Dentro da proposta de oferecer contributos para a leitura de memórias das culturas juvenis urbanas, procurarei, com base em Certeau, demonstrar que os fanzines expressam táticas de parcelas juvenis. Especificamente sustentarei a hipótese de que é possível admitir os fanzines como um esforço de deslocamento das noções de lugar e de autoria, o que permite lê-los em termos de conceitos tais como os de identidade e sujeito.
Pedro Quintela
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais, Portugal
pedroquintela@ces.uc.pt
Título da comunicação: Processos de preservação, análise e arquivo de fanzines e publicações independentes: algumas notas
Resumo: Nos últimos anos assistiu-se ao interesse crescente pelas publicações independentes, autoeditadas e pelas práticas de produção e distribuição do-it-yourself (DIY) – e, em especial, pelos fanzines. Tal reflete-se numa atenção renovada por métodos de produção DIY; num aumento da exposição e consumo destes objetos; e num crescente interesse da academia e de algumas instituições culturais por analisar e preservar este tipo de produção associada a uma cultura mais underground, numa curiosa aproximação a alguns dos sistemas de consagração da arte mais mainstream. Proponho abordar estes processos no âmbito do "Arquivo Punk" do projeto de Investigação "Keep it Simple, Make it Fast".
João Queirós
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, Portugal
jqueiros@letras.up.pt
Título da comunicação: ‘Search and... preserve': arquivando fragmentos da contemporaneidade portuguesa (Arquivo Punk, 1975-2015)
Resumo: Como resgatar e preservar os elementos de manifestações sociais e culturais habitualmente pouco visíveis e (re)conhecidas? Como garantir a colaboração neste propósito de agentes sociais empenhados no do it yourself e, por isso, frequentemente refratários às abordagens provindas da academia? Como montar o arquivo de uma realidade tão volátil, plural e diversa como a do punk? Eis algumas das questões a explorar nesta comunicação sobre o "Arquivo Punk" do projeto de Investigação "Keep it Simple, Make it Fast".
Paula Abreu
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais, Portugal
pabreu@fe.uc.pt
Título da comunicação: Um novo ou um velho problema? Como preservar a memória e o património da cultura popular urbana?
Resumo: A preservação do património material e imaterial, bem como da memória, das formas de cultura popular é um problema clássico, associado ao desenvolvimento das instituições e formas de conhecimento orientadas para essa função. Num tempo em que as formas de registo, arquivo e conservação de música se têm vindo a transformar a um ritmo acelerado e imprevisível, coloca-se mais uma vez a questão, não apenas a propósito da maior ou menor ausência de instituições e dispositivos de conservação, mas também da relevância de tais operações no que diz respeito à atribuição de significados face a formas culturais intrinsecamente polissémicas.
